segunda-feira, 24 de novembro de 2008
(04/12) Eu cresci!!!/ Encontro XXX
(27/11) Quando a teoria bate à porta da prática/ Encontro XXIX
(20/11) Tecendo textos/ Encontro XXVIII
(13/11) O reino das fábulas e das piadas/ Encontro XXVII
(06/11) Dois dedos de prosa/ Encontro XXVI
De acordo com Cristina Damim e Marinella Stefani Peruzzo (2006), a avaliação dos dicionários escolares deve obedecer a dois critérios:
terça-feira, 18 de novembro de 2008
(30/ 10) A teoria na prática/ Encontro XXV
Depois de duas semanas voltadas para o estudo e a discussão do assunto “Norma padrão e variedades lingüísticas”, propus à turma uma atividade avaliativa, chamada “Construção em Parceria”, que deveria ser realizada em dupla. Assim, cada grupo recebeu dois textos (na verdade, dois bilhetes redigidos por mim), que apresentavam o mesmo conteúdo: o remetente (Edson), por ocasião do aniversário da sua namorada, solicitava ao destinatário um empréstimo para poder presenteá-la com um CD. Todavia, a diferença fundamental entre os dois textos estava na linguagem empregada. No primeiro caso, o destinatário era Daniel, o melhor amigo do Edson, que nessa situação comunicativa, optou pela linguagem coloquial. Já no segundo caso, o pai da namorada do Edson era o seu interlocutor, circunstância que determinou o uso da norma padrão.
Após a leitura desse material, solicitei à turma que identificasse essa diferença, ao que a maioria correspondeu positivamente. Em seguida, reforcei os conceitos de norma padrão e de variedades lingüísticas e redigi no quadro as seguintes questões, que deveriam ser discutidas e respondidas por escrito pelas duplas:
1.Ambos os textos apresentam o mesmo conteúdo. Identifiquem-no e registrem a sua resposta abaixo.;
2.Considerando que o destinatário de cada um dos bilhetes é diferente, expliquem por que o Edson optou por uma linguagem também diferente em cada um deles.;
3.Confrontando os dois textos e baseando-se na resposta à questão anterior, é correto dizer que só usa a linguagem coloquial quem não domina a norma padrão? Por quê?;
4.Diante das situações apresentadas pelos textos, escrevam um breve comentário sobre a importância do ensino da norma padrão da língua portuguesa.;
5.Agora, coloquem-se no lugar do Daniel e escrevam um bilhete ao Edson respondendo ao seu pedido.
Além de avaliar o conhecimento dos alunos sobre o assunto em pauta, essa atividade pretendia verificar o resultado das discussões, audições e leituras que desenvolvemos nas aulas acerca do preconceito lingüístico, das relações de poder e da exclusão social determinadas pelo uso da língua, da importância do saber adequar a linguagem a cada situação comunicativa e do porquê estudar a língua portuguesa na escola. A opção por esse instrumento avaliativo visava, também, diagnosticar como os alunos lidariam com a divisão de tarefas, o saber ouvir e falar, a argumentação e a expressão escrita. Com esse intuito, procurei acompanhar todas as duplas durante a atividade com intervenções e provocações.
Apesar de bastante heterogêneos, foram três os resultados mais marcantes dessa avaliação. Em primeiro lugar, a maioria da turma, embora tenha correspondido de forma satisfatória às questões 1, 2 e 3, apresentou comentários pouco ou nada consistentes sobre a questão 4: de acordo com quase todas as duplas, conhecer a norma padrão significava apenas comunicar-se melhor, o que desmerecia, portanto, a eficiência comunicativa do bilhete direcionado ao melhor amigo do Edson. Em segundo lugar, ao redigirem o texto, conforme a solicitação da questão 5, cerca de 50% das equipes empregaram a norma padrão e tentaram compor, surpreendentemente, um discurso formal, totalmente inadequado para a situação proposta. Por último, do universo de 22 duplas, 17 demonstraram dificuldades com a expressão escrita. As construções precárias, a falta de seqüência lógica do raciocínio e as falhas na coesão foram os problemas mais freqüentes na redação das respostas.
Com base nessas e outras informações, percebi que a atividade foi produtiva para os alunos, uma vez que, partindo de uma situação muito próxima da sua realidade, consegui quebrar “o gelo”, sensação desfavorável a um momento de avaliação. Além disso, o trabalho em parceria propiciou o diálogo, a divisão de tarefas e a construção de conhecimento, habilidades e competências desprestigiadas pela “prova”. Para o professor, foi uma excelente oportunidade para conhecer a realidade que permeia o dia-a-dia em sala de aula: os erros e os acertos de certas ações pedagógicas, as reais necessidades e os interesses dos alunos e a importância da relação dialógica entre os sujeitos da aprendizagem em busca da construção de conhecimentos significativos. Entretanto, esse instrumento, de certo modo, impediu uma identificação mais precisa da aprendizagem individual do aluno: as dificuldades, as dúvidas, as opiniões e as descobertas de cada um deles em particular foram, em parte, “camufladas” pelo trabalho em dupla, como pude constatar com falas do tipo: “Se eu tivesse escrito ou fizesse sozinho, não haveria esse problema.”.
Diante dessas constatações, ao analisar cada atividade, resolvi fazer apenas comentários sobre as respostas (apontando os problemas e reconhecendo os avanços) sem atribuir nota a elas. Ao conhecerem o seu desempenho, as duplas reagiram de uma forma interessante: ao mesmo tempo em que estranharam a falta de uma nota, sugeriram uma tranqüilidade não muito comum em dia de entrega de “prova”. Com as atividades em mãos, solicitei que cada dupla lesse atentamente os meus comentários para que, juntos, identificássemos as razões para o resultado do trabalho. Depois dessa discussão, propus à turma, na aula seguinte, que me sugerisse outras possibilidades de abordagem desse conteúdo e outros mecanismos de avaliação da aprendizagem. Também definimos que, em outro momento, retomaríamos essa atividade para desenvolvermos um estudo sobre coesão e coerência.
(23/10) Como encarar o erro?/ Encontro XXIV
(09/10) Traços descontínuos e graduais/ Encontro XXIII
(02/ 10) A mudança lingüística pede passagem/ Encontro XXII
(25/09) Experiências de Leitura/ Encontro XXI
(11/09 e 18/09) Deslínguas/ Encontros IX e XX
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
(04/ 09) O que é ler?/ Encontro XVIII
- se todo texto possui uma dimensão discursiva, pois tem uma função social específic, identificar o contexto no qual ele é produzido e ao qual se refere é indispensável ;
- se todo texto apresenta uma unidade de sentido, é essencial a análise da dimensão textual, dos mecanismos responsáveis pela sua coesão e coerência;
- se todo texto apresenta uma dimensão infratextual, o aluno deve ser instruído a analisar pressupostos e subentendidos que o levam às inferências;
- se todo texto possui uma dimensão intertextual, o professor deve acionar o conhecimento prévio do aluno ou, se preciso, oferecer-lhe condições de acessar a informação necessária para a compreensão de determinado texto.
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
(14/08 e 28/08 )Intergenericidade: quando um gênero dialoga com outro/ Encontros XVI e XVII
Após esse período, mãos carinhosas deverão bater as claras em neve e juntá-las à minha massa (em movimentos leves e delicados para que o ar incorporado não se perca). Em seguida, esse feto deverá ser colocado em uma forma -com furo central e untada- e levado até você já pré-aquecido. Ao me retirarem de suas entranhas, caro Útero, depois de frio, serei polvilhado com açúcar de confeiteiro (meu talquinho) e estarei pronto para o deleite das bocas sedentas.
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
(07/08) Gêneros e Tipos Textuais e Estudo da História da Língua Portuguesa/ Encontro XV
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
(31/07) Oralidade e escrita/ Encontro XIV
(03/07) Português padrão como segunda língua?/ Encontro XIII
(26/06) Ensinar a língua materna ou a gramática normativa?/ Encontro XII
terça-feira, 23 de setembro de 2008
(19/06) Autonomia do Aluno/ Encontro XI
(12/06) Outro bate-papo com a professora Sônia/ Encontro X
(05/06) Currículo: Sugestões de Mudança/ Encontro IX
(27/05) Fórum de Literatura/ Encontro VIII
(15/05) Dialogismo e Estética da Percepção/ Encontro VII
- a leitura demanda conhecimento prévio (leitura de mundo);
- os olhares de quem escreve/fala podem ou não se aproximar dos horizontes de experiência de quem lê/ouve;
- todo texto tem uma função sociopragmática e, por essa razão, está estritamente ligado a um contexto;
- os elementos co-textuais ( os signos visíveis no texto) conduzem para o infratexto (aquilo que não está explícito no texto).
A partir dessa compreensão, o professor poderá educar o aluno para uma metodologia de leitura que não considera apenas as questões lingüísticas como "reveladoras" das mensagens de um texto, mas também as experiências de mundo dos sujeitos envolvidos pelo texto ( o emissor e o receptor), o contexto social e as relações intertextuais.
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
(08/05) Encontro VI: Língua e Diversidade
sexta-feira, 18 de julho de 2008
(17/04 e 24/04) Repensando os encontros IV e V
(03/04 e 10/04) Para que ensinar a norma padrão? Reflexões sobre os encontros II e III
segunda-feira, 7 de julho de 2008
(27/03) Memorial :Reflexões de um professor em aprendizagem/ Ecos do encontro I
Sou um legítimo “baianeiro”. Nascido em Brasília, filho de pai baiano e mãe mineira, fui criado em condições que, sem dúvida, determinaram a minha formação como professor e, especialmente, a minha paixão pela língua portuguesa. Do lado paterno, trago, desde a infância, o gosto pelas histórias que evocam o mar e os seus ilustres personagens: marinheiros, sereias e as gentes de porto. Da parte materna, aprendi a descobrir o mundo como quem se abre para a realeza dos “causos” do sertão de Minas Gerais.
Esse ambiente, permeado pelas imponentes narrativas dos meus pais, construiu um laço importante em nossa casa. Meus irmãos e eu passamos a dar uma atenção especial àquilo que nos era ensinado, sobretudo porque estabelecemos um clima muito favorável à boa interlocução: ouvíamos muito e começamos a aprender a ser ouvidos. Eu, particularmente, já aos 14 anos, comecei a compreender como essas histórias, de repente, passavam a fazer sentido na minha vida pessoal e escolar: tornei-me um apaixonado pela leitura. Amava ler tudo: desde os rótulos das embalagens até grandes clássicos da literatura.
Descobri, um pouco mais tarde, que a facilidade de comunicação, a capacidade de tomar iniciativas, sozinho ou em grupo, a sensibilidade para conhecer o outro e o espírito de liderança eram o principal legado da minha educação familiar. Ter sido um ouvinte assíduo dos meus pais representou para mim a oportunidade de vestir a pele das personagens, entender as diferenças e as semelhanças entre os indivíduos, as suas mais variadas relações com o grupo e a importância da comunicação para a evolução do ser.
Era emocionante reconhecer que, embora apenas alfabetizados, meus pais eram grandes mestres. Contraditoriamente, sentia certa tristeza quando concluía que, com uma formação acadêmica, talvez eles pudessem ter educado muito mais pessoas e conquistado o respeito como educadores em uma concepção mais ampla do que o contexto familiar.
Com esse histórico de família e de vida, mesmo cursando o Científico (atual ensino médio), entendi que a minha realização nos campos pessoal e profissional só seria possível dentro de uma escola e atuando como professor. E, mais uma vez, estava diante de uma situação que me remetia à educação de casa, fundamentalmente relacionada com a língua pelas leituras e audições de histórias. Decidi, então, pela língua portuguesa e, em 1989, aos 18 anos, ingressei no curso de Letras.
Na universidade, o contato com os discursos de professores e teóricos e a relação mais sistemática com a literatura pareciam dialogar com a minha leitura de mundo construída desde a infância. Essa identificação foi determinante para que os novos conhecimentos, sem que anulassem as minhas experiências anteriores, ganhassem sentido na minha vida. Esse encontro de valores também foi fundamental para o bom desenvolvimento da minha formação acadêmica. Além de me proporcionar conhecimento técnico, a graduação foi responsável pela humanização do meu pensamento sobre o fazer pedagógico: passei a reconhecer que não teria sido um bom aluno universitário se a minha trajetória de vida não tivesse sido acolhida naquele momento.
Em 1993, iniciei minha carreira como professor da rede pública com a convicção de que as minhas aulas não poderiam ser meras reproduções de conteúdos sistematizados: elas deveriam dialogar com as experiências de vida e com os interesses dos meus alunos. Acreditava completamente que, sozinho, não seria capaz de promover uma aprendizagem significativa. Era a hora de despertar aquele menino que aprendera a ouvir com as já velhas histórias da infância para buscar no aluno informações essenciais para a preparação das aulas. Apesar de “calouro” na Secretaria, estava clara para mim a importância de um planejamento pedagógico voltado para a realidade na qual estavam inseridos os jovens do curso Técnico em Eletrônica da minha escola no Gama. Qual seria a importância do ensino da língua portuguesa para eles? Como promover momentos significativos de aprendizagem para as minhas turmas? De que maneira constituir a relação de parceria entre os sujeitos (os alunos e eu) do processo pedagógico a ser desenvolvido em sala de aula?
Como se não bastassem esses questionamentos, as coordenações pedagógicas ou ocupavam-se com as questões administrativas, ou transformavam-se em um difícil trabalho isolado e silencioso. Quase nunca ocorriam oportunidades de discussão e troca de experiências entre o corpo docente e os demais segmentos da comunidade escolar. O resultado dessa vivência foi a profunda dificuldade que encontrei para estabelecer um vínculo com os meus alunos e assim motivá-los a se reconhecerem, dentro da sua existência individual e sociocultural, como seres que assumiriam comigo o papel de protagonistas da sua aprendizagem.
A minha primeira atitude, após esse período, foi a de planejar aulas a partir de textos e situações relacionados com a área de interesse da formação técnica pela qual eles optaram ou com questões que valorizassem o seu cotidiano. A participação produtiva das turmas e a redução do número de alunos faltosos indicavam o sucesso desse planejamento. Entretanto, contrariando os prognósticos, o índice de reprovação mantinha-se a cada bimestre em um patamar incômodo, o que também se refletiu no final do ano letivo.
Infelizmente, só fui entender esse fracasso no ano seguinte quando passou a ser comum a reclamação dos estudantes diante da falta de sintonia entre as práticas de sala de aula e as exigências do mercado de trabalho. Segundo eles, esse problema era a razão da sua falta de perspectiva e, conseqüentemente, do elevado número de reprovação e de evasão escolar. A pertinência da insatisfação desses jovens veio à tona com as profundas reformas do ensino médio prescritas pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da educação nacional em 1996.
Mesmo assim, desde essa época, ouvir o aluno antes de qualquer ação pedagógica tem sido para mim a condição para que se possa promover, de fato, educação de qualidade. Nos últimos anos, porém, tenho enfrentado várias situações adversas para que se cumpra essa minha condição. O número elevado de alunos, a carga horária desgastante, a falta de coordenadores pedagógicos capacitados para atuarem como facilitadores do processo de ensino-aprendizagem e o desinteresse do Estado pela formação continuada do educador tornaram-se inimigos em potencial de uma escola voltada para a formação de cidadãos plenos e autônomos e fundamentada no trabalho de construção de sentidos na vida dos jovens.
Nesse contexto, minha ação, como a de vários outros educadores da Secretaria, foi sufocada por essas adversidades e, o que é pior, a sala de aula também passou a sufocar: se, por um lado, reconhecia a importância de garantir aos alunos o direito de se posicionarem diante da sua aprendizagem; por outro, sofria com a dificuldade de criar as condições ideais para que essa oportunidade se concretizasse: à maioria deles era negado ou ignorado o exercício desse direito. E a esse impasse eles respondem muito bem, pois, apesar de a população de jovens no Brasil ter aumentado, o número de estudantes no ensino médio tem decaído gradativamente.
Hoje, poder resgatar o aluno que adormeceu em mim, desde os tempos da graduação, tem sido muito gratificante. O reencontro com a leitura de textos acadêmicos e a discussão com os colegas de curso começam a apontar para alguns caminhos de superação dessas dificuldades. Muitas das questões abordadas em nosso curso transformaram-se em ricos momentos de reflexão em minhas aulas. Sempre confiante no diálogo com o aluno, tenho apresentado às minhas turmas alguns dos questionamentos que permeiam as nossas dicussões, tais como a diversidade lingüística e o ensino da norma padrão e o preconceito lingüístico. E assim a cumplicidade entre nós fortaleceu-se: descobrimos, juntos, que igualmente estamos em busca de uma escola pautada no compromisso de oferecer aos jovens habilidades e competências para que assumam o papel, de forma crítica e consciente, como protagonistas da sua própria história. Descobri também que eles se sentem co-autores das aulas quando eu consigo planejar atividades que atendem às necessidades e expectativas apresentadas em nossas discussões.
Na condição de professor-aprendiz, meu desejo é que, a cada nova leitura, a cada novo encontro e cada nova discussão, eu me sinta provocado a despertar o meu papel de sujeito-parceiro dos alunos na construção de conhecimentos. Cegar-me à realidade em que atuo como educador, atitude mais cômoda em face das difíceis condições de trabalho, significa negar a sábia capacidade de ouvir o outro, ensinamento dos meus pais, e recusar-me à compreensão do aluno, na plenitude da sua existência, como um ser que tem o direito de desenvolver as suas potencialidades para cumprir o dever de transformar a sua vida e o seu meio em prol de uma sociedade mais justa.