sexta-feira, 26 de setembro de 2008

(07/08) Gêneros e Tipos Textuais e Estudo da História da Língua Portuguesa/ Encontro XV

Primeiro Tempo
(...) a leitura de um texto exige muito mais que o simples conhecimento lingüístico compartilhado pelos interlocutores: o leitor é, necessariamente, levado a mobilizar uma série de estratégias tanto de ordem lingüística como de ordem cognitivo-discursiva, com o fim de levantar hipóteses, validar ou não as hipóteses formuladas, preencher as lacunas que o texto apresenta, enfim participar, de forma ativa, da construção do sentido.
(Ingedore Villaça Koch e Vanda Maria Elias)
Para "participar, de forma ativa, da construção do texto", conforme declaram as autoras, o leitor deve saber que cada ato de fala, necessariamente, visa cumprir uma função social específica e, por essa razão, organiza-se em torno de um gênero textual. Por exemplo: se ele deseja persuadir, faz uso do gênero propaganda; se pretende ensinar, usa o gênero didático; se procura fazer rir recorre ao gênero, etc. Além dessa função social, cada um deles apresenta marcas que os definem como tais. Sendo assim, gênero textual diz respeito à maneira como são organizadas as informações de acordo com a intenção sociocomunicativa do emissor, da sua relação com o receptor e das condições de comunicação. Portanto, cabe dizer que um gênero textual não se classifica por aspectos estruturais ou formais da língua. A forma e a estrutura lingüísticas definem o tipo de texto. Então, o que deve fazer o professor de Língua Portuguesa? Ele deve, sobretudo, passara investir em práticas de leitura que associem a decodificação à construção de sentido do texto. Para que ocorra uma leitura significativa, o aluno deve aprender a reconhecer a finalidade do texto, identificando o seu gênero e as marcas lingüísticas que definem o seu tipo.
Segundo Tempo
Qual a relevância do estudo da história da Língua Portuguesa para o seu trabalho cotidiano?
Em se tratando da mudança e da variação lingüísticas, é fundamental que o professor de Língua Portuguesa parta sempre do pressuposto de que "nada na língua é por acaso". Todas as formas de uso da língua são consistentemente explicáveis pela Sociolingüística. Desse modo, se o professor conhece a história da língua portuguesa e, especialmente, do português falado no Brasil, ele tem condições de, "diante da realização de uma regra não-padrão pelo aluno, (...) incluir dois componentes: a identificação da diferença e a conscientização da diferença."(BORTONI_RICARDO). Em outras palavras, ele pode levar o aluno a conhecer a razão de determinadas construções transgredirem a norma padrão e, o mais importante, conscientizá-lo da necessidade de aprender a monitorar a sua fala de acordo com determinadas situações.

Um comentário:

DESIGNER CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO disse...

Não há o que contestar diante do que foi escrito. São verdades, talvez não absolutas, pois, a comunicação entre os humanos é em si, ilimitadada, então, pode ser que algo se modifique na composição da língua ou mesmo da palavra e consequentemente a leitura. Faço apenas um pequeno e indisciplinado comentário quanto a natureza da composição. O escritor as vezes parece saber todas as etapas aqui apresentadas, o que é estranho pois como usar algo cujo conhecimento ainda lhe é ignorado? isso reforça a análise feita por "cientístas da palavra", vem a confirmar como um elo, da tese à prática.

Mauro Rocha Marques