sexta-feira, 18 de julho de 2008

(03/04 e 10/04) Para que ensinar a norma padrão? Reflexões sobre os encontros II e III

Ensinar a língua portuguesa expõe o professor do século XXI a um grande desafio: lidar com as novas possibilidades lingüísticas ( cada vez mais novas e em maior número, porque são oriundas do acelerado processo de trasnformações inerentes a todo indivíduo e a todo grupo social do mundo globalizado) e, ao mesmo tempo, desenvolver no aluno o conhecimento sistematizado da norma padrão. Nessas circustâncias, normalmente pais, alunos, escola , mídia, enfim, a sociedade em geral se pergunta: se o aluno já usa com competência a língua mesmo antes de chegar à escola, por que ensinar-lhe o que ele já faz muito bem? Por que a escola insiste tanto em ensinar justamente a língua na forma que é menos usada no cotidiano do brasileiro? O repertório lingüístico do aluno deve ser acolhido e tratado como objeto de estudo pelo professor ou deve ser encarado como manifestações erradas ou deficientes da língua? Diante desse contexto, a professora Stella Maris Bortoni-Ricardo, em seu livro "Educação em língua materna: a sociolingüística na sala de aula", chama a atenção para a necessidade de a escola começar a rever a sua postura em relação ao ensino da língua materna em prol de uma educação que garanta ao aluno a chance de lutar pela cidadania com os mesmos instrumentos disponíveis para os falantes já pertencentes às camadas sociais privilegiadas (BORTONI-RICARDO, 2004). Em outras palavras, ensinar a gramática não pode mais significar a supervalorização da norma padrão em detrimento das suas mais variadas formas de uso. Cabe ao professor a tarefa de, partindo do pressuposto de que "toda e qualquer variedade lingüística é plenamente funcional" (BAGNO, 2007: 48), valorizar o aluno como usuário competente da língua e propor-lhe o ensino da norma padrão tendo em vista ampliar ( e não unificar) as suas possibilidades de interação. Essa postura, contempla o desenvolvimento da competência lingüística do aluno, tornando-o capaz de fazer uso, de maneira crítica e autônoma, da norma padrão como apenas mais uma das variações da língua, já que, assim como o regionalismo, a gíria, o “internetês” etc., ela também pode ser adequada ou inadequada conforme o contexto de interlocução.

Um comentário:

Josselita disse...

Parabéns Édson, é isto mesmo!
com carinho,
Josselita.